A implementação bem-sucedida de um sistema fotovoltaico requer uma cuidadosa consideração de diversos fatores que impactam diretamente na sua eficiência global. Num artigo desenvolvido por Liliana Alves, Gestora de Sistemas de Energia e Eficiência Energética do IEP, saiba quais os processos e componentes cruciais para a eficiência de um sistema fotovoltaico.
A construção de um sistema fotovoltaico, independentemente da potência instalada, obriga à existência de módulos fotovoltaicos (mono/policristalinos ou película fina), inversores e contadores de venda de energia. Quanto maior for a eficiência de cada um dos equipamentos, maior será a eficiência global do sistema.
Assim, para garantir esta eficiência, e antes da construção, é essencial ter capacidade crítica na análise do projeto eletrotécnico. Ter noção concreta dos níveis de irradiação no local onde o parque será implementado porque é o fator mais importante, não é por o local ser mais quente que o sistema tem maior eficiência, bem pelo contrário, as temperaturas elevadas afetam os equipamentos diminuindo o seu rendimento.
A geomorfologia do terreno é também um fator muito importante, quanto mais rochoso for maior é a resistência da terra e o sistema fica mais desprotegido às descargas elétricas que possam surgir, no entanto, um terreno pantanoso também não é aconselhável uma vez que o suporte (estacas) dos módulos fica suscetível a colapsos.
Na construção e quando os empreendimentos são de envergadura considerável, é recomendável efetuar uma inspeção aos módulos fotovoltaicos quando chegam à obra, isto porque no transporte dos mesmos, muitos são danificados e quando são instalados já têm uma eficiência menor. Esta análise normalmente é feita por amostragem, dependendo da capacidade instalada do parque e do parecer do dono do mesmo. Os ensaios efetuados aos módulos são in situ, e utilizam técnicas não destrutivas (eletroluminescência, flash-test, termografia) capazes de detetar eventuais danos nos módulos fotovoltaicos. Da nossa experiência, asseguramos que os ensaios são uma mais valia para garantir as condições ótimas de funcionamento dos módulos adquiridos e que não existiram problemas durante o envio da encomenda desde a fabrica até ao consumidor final.
Quando o sistema fotovoltaico já está em funcionamento existem várias condicionantes à sua operação, nomeadamente a vegetação. A vegetação, quando não controlada, pode danificar células do painel reduzindo, consequentemente, a sua eficiência. Através da termografia aérea é possível verificar o estado de conservação dos módulos fotovoltaicos e detetar as principais anomalias (hotspots, caixas de junção com temperatura acima do normal, substring em circuito aberto, etc.), tendo sempre por base a legislação já existente. A forma mais eficaz para a realização da termografia ao parque é com recurso a drones, porque maximiza o tempo de inspeção/análise dos resultados obtidos e o corpo técnico envolvido. Um aspeto a ter em conta nestes casos é a altura a que se efetua a inspeção, quanto maior for a distância do drone ao solo maior é a incerteza dos resultados obtidos.
Complementarmente à termografia global, é importante a inspeção elétrica/termográfica às caixas se strings. Os resultados obtidos destas inspeções são interessantes porque se conseguem verificar sobrecargas nas cablagens, valores de corrente inferiores ao expectável e de uma forma rápida verificar a eficiência das strings associadas à caixa. Adicionalmente, é essencial validar a eficiência dos inversores, cujo mínimo ideal ronda os 98%. Quanto mais alta for a eficiência, melhor será o inversor e melhor será o sistema fotovoltaico.