Telecomunicações e Segurança

Telecomunicações e Segurança

Em artigo publicado na revista “O Electricista”, Jorge Ribeiro , Responsável pela área de Telecomunicações da Direção de Inspeção e Auditoria do IEP, fala-nos sobre os desafios da Segurança nas Telecomunicações.

 

Decorreram quase 17 anos sobre a publicação do primeiro Manual ITED (julho de 2004) o qual revolucionou a forma como se projetam e instalam infraestruturas de telecomunicações em edifícios em Portugal. Fruto da nossa experiência, neste artigo proponho-me desenvolver uma breve reflexão sobre os principais erros/equívocos que são cometidos por quem projeta e instala infraestruturas de telecomunicações em edifícios, erros esses que são transversais à vigência dos 3 Manuais ITED anteriores.

Um dos erros verdadeiramente estruturais reside nos projetistas que insistem em pensar os seus projetos, como mais um, semelhante ao anterior e parecido com o seguinte, garantindo apenas que sejam cumpridos os requisitos mínimos legais. O projeto de telecomunicações de um edifício deve ser único e exclusivo.
Os projetistas deveriam ver a legislação como uma linha vermelha abaixo do qual não podem ser tomadas decisões, mas que acima deste limiar existem infinitas possibilidades que podem ser equacionadas.
Todas as particularidades da arquitetura, a utilização que vai ser dada aos edifícios, as particularidades da sua envolvente e as necessidades dos utilizadores finais, são alguns dos elementos de entrada que deverão ser recolhidos e ponderados pelos projetistas. Desta ponderação resultará seguramente um projeto único e exclusivo.

O sub-dimensionamento das infraestruturas cabladas, limitações na escolha de equipamentos ativos e opções de instalação por parte dos operadores de telecomunicações, para além de falhas na cobertura e dificuldades nas ligações à rede pública de telecomunicações, bem como uma receção deficiente dos sinais de TDT, são algumas das consequências de uma ponderação inadequada.

Os instaladores cometem também alguns erros, sendo o mais relevante e que é, normalmente, o de mais difícil resolução, o que se relaciona com o dimensionamento da rede de tubagem. Aqui a regra é cumprir o previsto em projeto e em caso de dúvida solicitar o apoio do projetista.
Obviamente que a “dúvida é o princípio da sabedoria” e, por esta via, a formação é essencial. Sem uma base de conhecimento é impossível identificar erros de projeto que não devem ser seguidos ou entender o uso a dar, neste caso, à rede de tubagem.
A rede de cabos, seja ela de cobre, coaxial ou em fibra ótica é também, habitualmente, fonte de anomalias, maioritariamente detetadas no momento da realização de ensaios de funcionalidade.
Na rede de cabos, o uso da ferramenta adequada, a correta escolha dos materiais e a sua correta instalação são essenciais para que a infraestrutura fique apta a receber e distribuir os serviços de telecomunicações com qualidade. Mais uma vez uma boa formação é essencial.
Deixamos-lhes um exemplo, por tecnologia, dos tipos de erros mais comuns identificados pelo IEP durante a realização de ensaios ITED a instalações distribuídas por todo o território, ensaios esses que são essenciais à realização de relatórios de ensaios de funcionalidade (REF) obrigatórios em todas as infraestruturas ITED.

REDE EM PARES DE COBRE

Aqui o principal erro está na escolha dos materiais que muitas vezes não cumprem os requisitos mínimos previstos nos manuais ITED. Exemplo disso é a aplicação de cabos trançados de categoria 6 (Classe E de ligação) que não são de cobre maciço, mas sim em aço cobreado. Estes cabos não cumprem os requisitos mínimos previstos na legislação pelo que não podem ser instalados. Os cabos em pares de cobre, mesmo que em cobre maciço, não são todos iguais, uns têm maior margem para acomodar erros de execução que outros, pelo que é muito importante ser criterioso na sua escolha.
Ao nível da execução, torções, vincos resultantes de instalação de cabos (por exemplo em caixas terminais apertadas), fixação de cabos ou conjunto de cabos por intermédio de abraçadeiras apertadas, são fonte de problemas e de falhas.

 

REDE EM CABO COAXIAL

Nas redes coaxiais é também frequente existirem erros na escolha dos materiais. O mais comum acontece na escolha das tomadas coaxiais, que não cumprem muitas vezes os requisitos mínimos previstos em projeto e também muitas vezes não cumprem a legislação.
A instalação de tomadas coaxiais que não suportam frequências superiores a 1000 MHz é um exemplo de erro muito comum.
Ao nível da execução, destaca-se a incorreta instalação de conetores angulares e a má preparação das terminações dos cabos por uso de ferramentas inadequadas.

REDE EM FIBRA ÓTICA

As cablagens em fibra ótica, por serem normalmente instaladas com cabos pré-conetorizados não têm muita diversidade de erros embora estes sejam comuns. Fibras partidas que refletem falta de cuidado no manuseamento, e atenuações elevadas nos comprimentos de onda maiores denotando a existência de macro-curvaturas, são os principais problemas identificados.
Todos os problemas de instalação que descrevo neste artigo podem e devem ser identificados durante a realização dos ensaios obrigatórios.
O IEP tem à disposição de todos os instaladores a prestação de um serviço de realização de ensaios completo que permite identificar e resolver as anomalias identificadas podendo ser também esta colaboração uma oportunidade de aprendizagem e troca de experiências.

Consulte-nos para mais informações.

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