A gestão eficiente de ativos fotovoltaicos é um pilar fundamental para garantir a sustentabilidade e o retorno sobre o investimento neste setor. O uso de ferramentas da qualidade, como o FMEA e o CPN, oferece abordagens sistemáticas para mitigar riscos, otimizar custos e maximizar a durabilidade e o desempenho dos sistemas. Este artigo explora como essas metodologias podem ser aplicadas à realidade dos parques fotovoltaicos e a importância de garantir qualidade desde a conceção até à manutenção.
A Importância da Qualidade no ciclo de vida dos ativos
A gestão de ativos fotovoltaicos requer rigor técnico e visão estratégica. Avaliar as condições do ativo é essencial para identificar riscos, garantir transparência e maximizar o retorno do investimento. Reduzir a qualidade de materiais, instalações ou manutenção pode parecer atrativo, mas é uma abordagem arriscada e insustentável a longo prazo.
> Impacto na durabilidade e desempenho: Utilizar materiais de qualidade inferior e instalações mal executadas pode resultar em sistemas fotovoltaicos menos duráveis e com desempenho inferior. Estes fatores podem levar a problemas como falhas prematuras, redução na produção de energia e necessidade de reparações frequentes, aumentando os custos de manutenção a longo prazo.
> Riscos de segurança: Cortar custos na qualidade dos materiais e na instalação pode comprometer a segurança dos sistemas fotovoltaicos. Instalações mal feitas ou materiais de baixa qualidade podem representar riscos de incêndio, choque elétrico e outros perigos, colocando em risco tanto os trabalhadores quanto o público em geral.
> Reputação e confiança do cliente: Reduzir a qualidade dos materiais e da instalação pode prejudicar a reputação da empresa e a confiança dos clientes. Clientes insatisfeitos com sistemas de baixa qualidade são mais propensos a expressar a sua insatisfação publicamente, o que pode afetar negativamente a imagem da empresa e reduzir a procura pelos seus serviços no futuro.
Serviços Integrados IEP
Durante os ensaios de comissionamento e acompanhamento da construção temos identificado as seguintes falhas e defeitos:
> Instalação inadequada dos painéis solares – observamos frequentemente instalações mal alinhadas, fixações inadequadas e suportes danificados, o que pode comprometer não só o desempenho dos painéis, mas também a sua durabilidade.
> Cablagem defeituosa – encontramos cabos mal instalados, com ligações soltas ou danificadas, o que pode resultar em perdas de energia e até mesmo em riscos de segurança, como curto-circuitos e incêndios.
> Falta de isolamento adequado – em algumas instalações, notamos uma falta de isolamento adequado nos componentes elétricos, o que pode aumentar o risco de danos por intempéries.
> Manutenção defeituosa – em alguns casos, temos observado uma falta de manutenção preventiva e corretiva nos sistemas fotovoltaicos, o que pode levar a uma degradação mais rápida dos equipamentos e uma redução significativa na produção de energia ao longo do tempo.



Introdução ao FMEA
FMEA é uma metodologia sistemática para identificar possíveis modos de falha num sistema, processo ou produto e analisar os impactos dessas falhas. Tem como principais objetivos prevenir falhas antes que elas ocorram, aumentar a confiabilidade e melhorar a segurança.
Aplicação do FMEA em sistemas fotovoltaicos – Etapas do FMEA
Exemplos de FMEA no contexto fotovoltaico
Falha no módulo fotovoltaico:
– Modo de falha: Delaminação.
– Efeito: Redução da eficiência do módulo, risco de curto-circuito.
– Causa: Defeito de fabricação, exposição prolongada ao sol.
– Ações de mitigação: Inspeção visual regular, testes de adesão, escolha de fornecedores confiáveis.
Falha no inversor:
– Modo de falha: Sobreaquecimento.
– Efeito: Interrupção da conversão de energia, possível incêndio.
– Causa: Ventilação inadequada, sobrecarga.
– Ações de mitigação: Manutenção preventiva, monitoramento de temperatura, dimensionamento adequado do inversor
Introdução ao CPN
CPN é uma ferramenta utilizada para priorizar ações de manutenção e melhorias com base no custo associado a falhas potenciais. Tem como objetivo maximizar o retorno sobre o investimento ao focar em problemas que têm o maior impacto financeiro.
Aplicação do CPN em sistemas fotovoltaicos – Etapas do CPN
Exemplos de CPN no contexto fotovoltaico
Falha nos cabos de interconexão:
– Custo de reparação: 500€ por cabo.
– Perda de produção: 1000€ por dia de inatividade.
– Frequência de falha: 2 vezes por ano.
– CPN: (500 + 1000) * 2 = 3000€ por ano.
– Ação prioritária: Substituição dos cabos por modelos mais duráveis e inspeções frequentes.
Falha nos módulos:
– Custo de substituição: 200€ por módulo.
– Perda de produção: 50€ por módulo por mês.
– Frequência de falha: 10% dos módulos falham anualmente.
– CPN: (200 + 50*12) * 0.1 = 260€ por módulo por ano.
– Ação prioritária: Inspeção e teste de módulos, substituição proativa de módulos com maior risco de falha.
Comparação entre FMEA e CPN
FMEA |
CPN |
Vantagens |
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Proatividade na prevenção de falhas, detalhe dos modos de falha e suas causas. Detalhado, previne falhas antes que elas ocorram. |
Foco no impacto financeiro, ajuda na alocação de recursos com base no custo-benefício. Focado em resultados financeiros, fácil de justificar à gestão. |
Desvantagens |
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Pode ser complexo e demorado, requer dados detalhados. Requer tempo e recursos para implementação. |
Pode negligenciar falhas de baixo custo mas de alta severidade. Pode não considerar todos os aspetos de segurança.
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Aplicação |
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Ideal para identificar e mitigar riscos de falha antes que ocorram. |
Ideal para priorizar intervenções com base no impacto financeiro. |
Seleção da melhor ferramenta para diferentes cenários |
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Implementação de novos sistemas, identificação de falhas potenciais em sistemas complexos. |
Gestão de manutenção e otimização de custos em sistemas operacionais |
A utilização de ferramentas como o FMEA e o CPN permite uma gestão mais eficiente e segura dos ativos fotovoltaicos, promovendo a sustentabilidade e maximizando o retorno do investimento. Consulte mais informações sobre o Departamento de Sustentabilidade e Energia do IEP. Para saber mais sobre como podemos ajudá-lo a implementar estas práticas, contacte-nos: info@iep.pt