Mais de 20% dos cidadãos da União Europeia (UE) vivem em zonas onde os níveis de ruído do tráfego comprometem a sua saúde (Fonte). O Tribunal de Contas Europeu alerta que os legisladores e as autoridades locais ainda não atribuem à poluição sonora a mesma prioridade que dão à poluição atmosférica, apesar das evidências sobre os seus impactos negativos.
De acordo com a Agência Europeia do Ambiente (AEA), mais de um em cada cinco europeus está exposto a ruído nocivo e persistente proveniente do transporte rodoviário, ferroviário e aéreo. Esta exposição prolongada está associada a riscos acrescidos de desenvolver doenças cardiovasculares, metabólicas e mentais.
A poluição sonora afeta particularmente as crianças, comprometendo a sua capacidade de leitura e influenciando o seu comportamento. Na Europa, aproximadamente 14 milhões de crianças entre os 6 e os 17 anos estão expostas a níveis de ruído iguais ou superiores a 55 dB, valor que ultrapassa as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estudos indicam que cerca de 550.000 casos anuais de perturbação na capacidade de leitura e quase 60.000 casos de dificuldades comportamentais podem ser atribuídos ao ruído dos transportes, sendo o tráfego rodoviário o principal responsável.
Mitigação
Para mitigar os impactos da poluição sonora, a AEA recomenda a criação de zonas tranquilas em redor das escolas, a adoção de tecnologias de redução do ruído nas infraestruturas de transporte e a implementação de medidas de isolamento e tratamento acústico em edifícios escolares e habitações. As diretrizes da OMS indicam que os níveis de ruído em recreios escolares não devem exceder 55 dB e, em salas de aula interiores, devem permanecer abaixo dos 35 dB.
Contudo, existem poucas políticas eficazes a nível europeu para limitar a exposição das crianças ao ruído dos transportes. A Comissão Europeia estabeleceu a meta de reduzir em 30% o número de cidadãos cronicamente afetados pelo ruído até ao final da década, mas as estimativas apontam para uma redução real de apenas 19%. Klaus-Heiner Lehne, membro e antigo presidente do Tribunal de Contas Europeu, sublinha que, ao contrário da poluição do ar, não existem objetivos vinculativos de redução do ruído na UE, o que desencoraja os Estados-membros a priorizarem a implementação de medidas eficazes.
Sobre o IEP
O Laboratório de Acústica e Vibrações do IEP é uma referência na prestação de serviços especializados nas áreas Ambiental, Gestão e Controlo de Ruído, Construção e Laboral. Enquanto entidade formadora certificada pela DGERT, o IEP promove ainda ações de formação sobre “Avaliação e Controlo de Ruído e Vibrações em locais de trabalho”. Para mais informações sobre como podemos ajudar a mitigar a poluição sonora, consulte-nos.
Leia na íntegra o estudo partilhado pela ENEWS.